Conheça a história de Baco Dionísio, o deus do vinho
Em algum momento durante suas aulas de história sobre a mitologia grega no colégio, você deve ter ouvido nomes como Zeus, Apolo, Afrodite e outras famosas deidades da Grécia Antiga. E, quando falamos em mitologia romana, esses deuses ganham, respectivamente, os nomes de Júpiter, Febo e Vênus. Mas além dos famosos nomes do Olimpo, há diversos outros menos conhecidos — mas não menos importantes.
Você já ouviu falar, por exemplo, em Dionísio? E em Baco? Não? Pois saiba que ambos são representantes da ebriedade, dos excessos, das festas, do prazer e da folia. Eles são equivalentes nas suas respectivas culturas, sendo o primeiro grego e o segundo romano. Os dois levam o grande título de deus do vinho.
Se você é um amante dessa preciosa bebida, certamente gostaria de saber mais sobre a história que envolve as divindades e muitas curiosidades, não é mesmo? Então, sinta-se à vontade para servir uma boa taça de vinho e acompanhe o post, pois ele é inteiro dedicado a Baco Dionísio, o deus do vinho!
Baco ou Dionísio: quem é o deus do vinho?
Você já deve ter reparado que a mitologia grega e a romana são bem semelhantes. Uma das teorias é que essa similaridade se deve aos hábitos de troca cultural entre os dois povos. Afinal, durante as conquistas de territórios, o contato dos gregos e romanos se intensificava e ambos eram influenciados pela cultura um do outro.
Por essa razão, Baco e Dionísio, assim como outros deuses, são tão semelhantes e, basicamente, têm a mesma história. Dessa maneira, os dois podem ser considerados deuses do vinho e, por isso, os seus nomes vão aparacer associados ao longo deste post.
Qual a origem de Baco Dionísio?
A história de origem de Baco é envolvente e cheia de reviravoltas desde o seu nascimento, e começa assim: o deus Júpiter, que na mitologia grega é conhecido como Zeus, tinha o hábito de se disfarçar de mortal. Em uma dessas ocasiões, envolveu-se com Sêmele, uma princesa tebana, que logo ficou grávida.
Juno (figura equivalente à deusa Hera na mitologia), esposa de Júpiter, descobre o caso, disfarça-se e procura a moça, ganhado sua confiança. Em uma conversa, a deusa convence a princesa a fazer com que Júpiter se apresentasse para ela em toda a sua glória para que pudesse ver a verdadeira fisionomia do pai de seu filho.
No entanto, quando isso aconteceu, o palácio foi atingido por raios e relâmpagos, o que ocasionou um grande incêndio. Sêmele não conseguiu suportar a visão e, fulminada, sucumbiu em chamas. Júpiter, então, retirou o feto — ainda no sexto mês — das cinzas e o colocou entre suas pernas, finalizando a gestação. Assim, Baco é, na realidade, um semideus, pois tem sangue humano e divino em suas veias.
Como ele se tornou o deus do vinho?
Apesar de Baco ter conseguido sobreviver, seu pai ainda ficou preocupado e encarregou tutores para criarem o menino longe da fúria de sua esposa. Foi com os primeiros contatos com a agricultura que Baco, já adulto, apaixonou-se pela vinha, descobrindo uma forma de extrair o suco da uva e transformá-lo em vinho.
Contudo, a invejosa deusa Juno enlouqueceu Baco e ele passou a vaguear pelo mundo em sua insanidade. Foi apenas ao passar pela Frígia — região da atual Turquia — que o deus do vinho recuperou a lucidez. Para isso, ele contou com a ajuda da deusa Cibele, responsável por sua cura.
Designada como “mãe dos deuses”, Cibele, cuja origem era a própria Frígia, iniciou Baco em seus ritos religiosos. Depois de recobrar a sanidade, ele viajou até a Ásia disseminando a cultura da vinha. Assim, o rapaz ficou conhecido com Baco (Dionísio), o deus do vinho.
O mito de Baco
A história de Baco tem muitos episódios mitológicos. Em um deles, conta a lenda que houve uma tentativa de escravizar o semideus. Certa vez, alguns marinheiros desembarcaram em uma ilha chamada Dia. Lá, encontraram um jovem dormindo e, por sua bela fisionomia, imaginaram ser filho de um rei.
Assim, resolveram sequestrá-lo para pedir um resgate. No entanto, um marinheiro chamado Acetes desconfiou que aquele jovem fosse alguma divindade e lhe pediu perdão pelo mau tratamento.
Porém, os demais membros da tripulação, tomados pela cobiça, planejaram levar Baco para o Egito e vendê-lo como escravo. Ele percebe a trama e, de repente, das águas, começa a vir um aroma inebriante de vinho e, dentro da embarcação, vinhas crescem, carregadas de uvas. Todos os homens — exceto Acetes — são transformados em peixes e jogados ao mar.
Como conta a mitologia, foi a partir desse episódio que o deus, que passou uma grande peregrinação na terra desde seu nascimento, começou a ser reconhecido e cultuado por todos os lugares. Foi então que subiu ao céu e passou a ocupar seu lugar no Olimpo, junto com os outros onze deuses, inclusive seu pai Júpiter (Zeus).
A pedra de Baco
Outra história interessante de Baco Dionísio, deus do vinho, é sobre a lenda da pedra preciosa ametista. Você já ouviu falar?
Baco costumava cortejar diversas criaturas por onde passava e, certo dia, ele se envolveu com uma ninfa. Contudo, para evitar que essa relação fosse levada adiante, ela foi transformada em uma pedra preciosa, que conhecemos hoje como ametista.
O deus então recolheu o cristal e o mergulhou em vinho, o que deu a cor avermelhada tão característica da pedra. Em outras lendas, conta-se que a ametista é capaz de transformar a água em vinho.
Outra curiosidade sobre a ametista é a respeito da etimologia da palavra. Afinal, o termo deriva do grego amethystós, ou seja, é formada por a-, que tem um significado de negação, e methystós, que vem do verbo “intoxicar” e se assemelha a methys, “vinho”. Muitos dizem que essa ligação deve-se a Baco e que a pedra tem o poder de impedir a embriaguez.
Por toda essa relação mitológica com o vinho é que muitos enófilos consideram a ametista como uma espécie de amuleto. Então, se por acaso encontrar com um grande amante de vinho carregando essa pedra preciosa, já sabe de onde vem a história, que é bem interessante e mística, diga-se de passagem.
Como é o culto a Baco?
O culto a Baco Dionísio, o deus do vinho, ganhou importância para os romanos por volta do ano 200 a.C., sendo chamado de bacchanalia. Inicialmente era um rito totalmente feminino, comandado pelas bacantes (uma espécie de sacerdotisa) e ocorria apenas três vezes ao ano. Mas, com o passar dos anos, o ritual sofreu alterações, passando a ser noturno, incluindo os homens e ocorrendo com muito mais frequência.
As celebrações ficaram famosas pelos excessos cometidos, principalmente os sexuais. Isso fez com que o culto ao deus do vinho fosse proibido em 186 a.C. Pessoas ligadas ao ritual foram perseguidas e mortas, e os templos dedicados a Baco foram destruídos. Segundo alguns historiadores, essa foi a primeira perseguição religiosa da Europa.
Como o deus é representado na arte?
É bem comum ver a representação de Baco em várias áreas artísticas. Por exemplo, ele aparece na grande obra de Camões, “Os Lusíadas”, ao tentar evitar a chegada dos portugueses nas Índias.
Já no que se refere às artes plásticas, seja nas esculturas ou pinturas, Baco é representado como um jovem alegre, de cabelos compridos, que tem adereços como, folhas de parreira e cachos de uvas, adornando sua cabeça. Um exemplo dessa representação é o quadro “O jovem Baco”, de Caravaggio.
Outra forma bem comum de representação do deus Baco Dionísio é por meio de feições mais velhas e com barba. Além disso, nas obras, o deus carrega sempre alguns objetos e simbologias bem característicos do mundo do vinho, como:
- cachos de uva;
- folhas de videiras;
- cálice;
- chifres (sinal de poder e honra);
- tirso (espécie de cajado envolto em folhagem);
- animais, como o bode, pantera, o tigre e o touro.
Como Baco influenciou a cultura?
O deus Baco Dionísio teve grande influência com relação à cultura, à arte, ao teatro e à literatura na Grécia e na Itália. Não é à toa que, em Atenas, eram realizadas anualmente as Grandes Dionísias ou Dionísias Urbanas. Esses eventos costumavam durar seis dias e a ideia central era a de celebrar o deus Dionísio.
Era uma festa de muita alegria e acontecia na chegada da primavera. Além disso, eram de grande riqueza cultural, uma vez que ocorriam concursos de poesias, procissões, apresentações teatrais, entre outras atrações. Claro, tudo regado a muito vinho!
No caso dos romanos, aconteciam os chamados bacanais, festa celebrada em nome de Baco, muito semelhantes às festividades gregas mencionadas anteriormente. Uma das cidades em que essas celebrações aconteciam era Pompeia, que ficava ao sul da Itália, região que hoje é uma das grandes produtoras de vinho. Nessas ocasiões, além de festejar, o objetivo era o de oferecer a bebida aos deuses.
Possivelmente, esse tipo de celebração influenciou as festividades afro-brasileiras, que também costumavam ter forte teor cultural, com grande presença da música e da dança. Além do mais, foi por meio dessas ocasiões que se intensificou o consumo de vinho.
Como você pôde acompanhar ao longo deste post mitológico, a história de Baco Dionísio, o deus do vinho, é repleta de curiosidades interessantes. Felizmente, não é pelos excessos que a divindade é conhecida hoje. Sua figura é associada à fertilidade, colheita da uva e, claro, ao vinho e ao processo de vinificação. Para nossa sorte, sua cultura se espalhou e ainda podemos degustar essa fascinante bebida, não é mesmo?
A cultura relacionada ao vinho é muito vasta e conhecer seus diferentes âmbitos é, no mínimo, enriquecedor, além, é claro, de ser uma das maneiras capazes de nos deixar cada vez mais próximos da nossa bebida favorita. Isso sem falar que é um tópico e tanto de conversa para aquela reunião de amigos para a degustação de vinhos e aperitivos.
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