Você conhece a história do vinho durante a colonização?
A história do vinho é quase tão antiga quanto a própria civilização. Os registros mais antigos do consumo dessa bebida possuem, pelo menos, 6.000 anos de idade. Desde as mais remotas culturas, passando pelos egípcios, gregos e persas, foram encontrados indícios da fermentação de frutas para a sua produção.
Atualmente, o vinho é parte integrante da cultura nacional e bebida produzida em nosso país recebe prêmios ao redor do mundo. Porém, nem sempre foi assim. Ao longo deste artigo, apresentamos um breve resumo do caminho percorrido até aqui. Boa leitura!
A chegada
É atribuído ao português Brás Cubas o crédito por ter sido o primeiro produtor de vinho brasileiro. Segundo os registros históricos, ele trouxe as primeiras mudas de parreira na expedição do também lusitano e donatário de terras Martim Afonso de Souza, no ano de 1532. As plantadas foram cultivadas, inicialmente, em regiões próximas ao litoral paulista. Com o passar do tempo, porém, as primeiras plantações foram subindo a serra em busca de condições climáticas mais favoráveis.
Todavia, as plantas trazidas (originárias da Ilha da Madeira) não se adaptaram ao clima tropical e passaram a produzir melhor apenas quando encontraram um clima mais frio na região da Serra do Mar, localidade do atual município de Taubaté. Obviamente, as dimensões continentais do Brasil propiciariam outras introduções, dessa vez mais esparsas, em seu território.
No nordeste do país a bebida teria sido produzida a partir da introdução do cultivo da uva na ilha de Itamaracá, cerca de 100 anos depois, pelo colonizador holandês Maurício de Nassau. Já na região sul, o plantio de parreiras teria se dado de forma mais abrangente em um período histórico posterior: apenas com a chegada de imigrantes italianos e alemães.
Por volta de 1640, na Ata da Sessão de Implantação da Câmara de São Paulo, buscou-se regularizar as condições de produção, qualidade e padronização da produção do vinho, assim como a regulamentação do seu preço de comercialização. Fato que, por si só, evidencia o crescimento do consumo e do interesse dos primeiros colonizadores.
Contudo, motivos políticos atrapalhariam a difusão da produção de vinho em nosso país. O crescimento da produção local passou a suprir o consumo da colônia. Consequentemente, não era mais necessário importar a bebida de Portugal, o que levou a corte portuguesa a proibir a produção do vinho brasileiro.
O veto
A proibição da metrópole que impedia a produção de vinho na colônia levou a uma estagnação que perduraria por muitos anos, pois, a medida causou um declínio significativo no respectivo mercado (afetando tanto produtores quanto consumidores), que experimentava, até então, um movimento de crescente desenvolvimento e acentuada prosperidade.
Somente após o fim do embargo à produção nacional, por volta de 1650, o processo anterior foi retomado, não sem alguns prejuízos bastante significativos para os produtores.
O solo fértil e as condições climáticas favoráveis do sul do Brasil, combinadas à colonização de imigrantes, como italianos e alemães, que tinham no consumo de vinho uma grande referência cultural, fizeram com que nessa região começasse a se formar o cenário ideal para a retomada do crescimento da produção de vinho brasileiro.
Durante 50 anos os imigrantes alemães foram os pioneiros na produção de vinho na região sul do Brasil. Entre 1824 e 1875, eles detinham o monopólio da produção. Mas, a partir de então, com a chegada dos colonos italianos, houve uma maior difusão do cultivo. O intercâmbio de mudas e de conhecimentos entre ambas as culturas favoreceram, também, a produção nessas localidades.
Durante a vinda da família real para a colônia e, especialmente, no reinado de D. Pedro II (marcado, entre outros elementos, pela sua firme intenção de produzir riquezas) foi tomado o caminho inverso.
Iniciou-se, então, um processo de incentivo oficial à constituição de cooperativas de produtores, iniciativa que obteve grande sucesso em vários outros países. No final do ano de 1910, já existiam mais de 30 organizações desse tipo e, em 1912, foi fundada a Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul.
O vinho brasileiro
As videiras de origem europeia apresentavam grande dificuldade de adaptação ao clima brasileiro. Naquele período, era um processo bastante dispendioso trazer mudas do velho continente até o novo mundo.
A solução encontrada pelos produtores foi trazer as videiras da variedade Izabel de outras partes do continente americano, uma vez que elas se adaptavam melhor e, assim, aumentavam o nível de produtividade do trabalho realizado para a fabricação do vinho brasileiro.
É importante, ademais, relembrar o papel do catolicismo na história do vinho no Brasil. Pelo fato de a bebida ser objeto de culto em algumas celebrações e ritos religiosos, a Igreja Católica tencionava garantir que o vinho chegasse a todas as colônias portuguesas.
Foi, portanto, a partir da região sul que se iniciou o desenvolvimento da produção nacional de vinho. Não surgiram novos obstáculos políticos para deter sua evolução em direção ao atual status, qual seja, ser considerado um dos melhores vinhos de todo o mundo. Seja para celebrar alguma data especial ou, simplesmente, para harmonizar uma boa refeição, o vinho passou a ser um componente intrínseco à cultura brasileira.
A história do vinho brasileiro, marcada pelas dificuldades políticas e culturais dos tempos passados, é hoje contada de uma forma bastante diferente. Nosso povo pode se orgulhar do reconhecimento outorgado por diversas instituições internacionais ao vinho produzido no Brasil. Além disso, somos, também, grandes consumidores da bebida.
Nosso vinho possui, de fato, uma linda história e tem personalidade própria, acrescentando ao cenário mundial um produto que possui características únicas e marcantes.
Os vinhos tintos e os espumantes brasileiros estão, sem sombra de dúvida, entre as bebidas mais refinadas e saborosas. Gastando pouco, o brasileiro pode, atualmente, usufruir de toda essa história e da perseverança dos colonizadores para saborear vinhos com altíssima qualidade, produzidos bem aqui mesmo, no nosso território e pela nossa gente.
Compartilhe este post em suas redes sociais e ajude seus amigos e familiares a conhecerem mais a respeito da qualidade, do reconhecimento internacional e da história desse produto tão querido e apreciado por todos!