7 tipos de uva e suas principais regiões de produção
O vinho é consumido mundialmente há muito tempo. É possível encontrar relatos e documentos históricos sobre ele nos mais diferentes povos da antiguidade. Ao longo dos séculos se espalhou pelo globo, e com essa migração muitas regiões ganharam espaços dedicados ao cultivo de diversos tipos de uva e à produção da bebida, tornando-se verdadeiras referências globais.
Como ensina a Geografia, a Terra tem diferentes tipos de solo, clima, precipitação e temperatura. Esses fatores alteram a qualidade, o sabor, a doçura e a acidez das uvas, o que reflete também nas características dos vinhos. Aqui existem diferentes tipos de uvas e localidades especializadas no plantio da fruta. Neste post apresentaremos algumas das principais uvas do Brasil e as regiões que se destacam pelo seu cultivo. Confira!
1. Sauvignon Blanc e Chardonnay
A Sauvignon Blanc tem traços mais selvagens e resulta em vinhos leves e aromáticos, já a Chardonnay tem sabores frutados e dá origem a um vinho mais encorpado. Essas duas castas estão se adaptando muito bem na região dos Campos de Cima da Serra, a nova menina dos olhos da vitivinicultura brasileira.
O terroir da região está encantando especialistas, principalmente pela qualidade dos primeiros vinhos feitos por lá. A região é cortada por rios, tem solo basáltico de alta qualidade e temperaturas baixas.
Entenda o que é terroir e qual a sua importância
Essa expressão terroir é derivada da língua francesa e não tem tradução literal para a língua portuguesa, porém já que vamos falar bastante do solo e das regiões que se destacam pelo cultivo de vinho em terras brasileiras, convém esclarecer de antemão o significado dessa palavrinha pequena, mas que tem o condão de mudar tudo no que se refere à produção dos vinhos.
De forma resumida, terroir envolve todos os elementos que influenciam a cultura dos vinhos e abrange aspectos tais como o solo, o posicionamento geográfico do local, o relevo, o clima, o tipo de uva cultivada, os processos que são realizados para a produção do vinho e para o manejo do solo. Logo, segundo os especialistas, terroir reúne em uma só palavra os fatores humanos e os fatores naturais que definem as características e as qualidades de um vinho.
Outros lugares que se destacam na produção da Sauvignon Blanc e da Chardonnay são a região da Serra Gaúcha e o sudeste do Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com o Uruguai.
Harmonização com Sauvignon Blanc
Por serem cultivadas em regiões de clima ameno a frio esses vinhos têm sabores que vão dos mais cítricos até os mais frutados sustentando notas de maçã verde ou ameixa, além disso, apresentam acidez elevada e corpo médio.
Em função de sua estrutura eclética o Sauvignon Blanc é comumente harmonizado com peixes, saladas e frutos do mar, bem como com a culinária japonesa com seus peixes crus e seus temperos notáveis. Pense em uma moqueca, seja ela capixaba ou baiana, ela vai funcionar perfeitamente na boca se for harmonizada com um Sauvignon Blanc.
Combinações com Chardonnay
Já o vinho da uva Chardonnay combina com aves e massas ao molho branco e funciona incrivelmente bem ao lado de queijos de sabor médio, como o camembert e o brie, por exemplo.
Além disso, sabe aquele bobó de camarão espetacular? Também fica incrível combinado com esse vinho, experimente sem medo!
2. Pinot Noir, Merlot e Carbernet Sauvignon
Os imigrantes europeus tiveram a tarefa de inserir as castas europeias no Brasil. Por aqui é possível encontrar diversos tipos de uvas tintas, tais como a Pinot Noir (considerada a rainha das uvas tintas graças ao seu sabor e frutos delicados), a Cabernet Sauvignon (uva bastante difundida pelo globo, com taninos densos, cor intensa e sabor marcante) e a Merlot (originária de Bordeaux, ideal para vinhos jovens, que tem corpo médio, com notas frutadas, cor púrpura e paladar macio).
Saiba como a altitude e a temperatura interferem na produção
Aqui vale registrar a questão da altitude e como ela interfere na temperatura. Segundo os produtores, a cada 100 metros de altitude a temperatura cai aproximadamente 0,6°C. Os Campos de Cima da Serra acolhe os vinhedos mais altos e estão sujeitos às mais baixas temperaturas, enfrentando invernos rigorosos e verões ensolarados. Assim, o clima e a inclinação dos vinhedos em relação ao sol interferem diretamente no tempo de maturação dos cachos de uva.
Essa questão da incidência maior ou menor do sol vai interferir também no sabor das uvas. No caso do Pinot Noir que recebe bastante sol, seu sabor é mais frutado e seus taninos são bem menos evidentes.
Vale ressaltar que apesar das uvas mencionadas nesse tópico serem produzidas nas mesmas regiões, suas exigências são distintas, e a Cabernet Sauvignon apesar de bastante adaptada ao tipo de solo dessa área requer uma incidência de sol bem menor que a Pinot Noir.
A produção da Cabernet Sauvignon é bem democrática. Ela se adapta bem em diversos terroirs, por isso pode ser encontrada tanto na gélida serra gaúcha quanto no vale do Rio São Francisco, região que há poucas décadas investe na viticultura.
Enogastronomia com Cabernet Sauvignon
Antes de tudo cabe esclarecer que enogastronomia é a arte de equilibrar os sabores do vinho com a comida, seja por semelhança ou por contraste.
Dito isso, a partir de agora daremos dicas de como harmonizar cada tipo de vinho com os alimentos, para que você possa usufruir da máxima experiência gustativa da próxima vez que abrir uma garrafa!
Se por acaso você for receber amigos em casa e quiser impressionar, inicie com uma entrada com cesta de pães, frios, queijos como o emmental ou Gruyère e pastinhas.
Na hora do prato principal opte por carnes vermelhas mais gordas como um bom contrafilé que pode ser servido com um risoto de funghi. Essa é uma ideia de uma recepção sofisticada para seus convidados, mas se a proposta for oferecer um churrasco, mais descontraído, o Cabernet Sauvignon continua a ser uma boa opção.
Harmonizações com Merlot
A uva Merlot tem taninos médios e corpo equilibrado, sua acidez também é média o que faz desse vinho uma excelente opção para agradar os mais diversos paladares. Seus aromas exalam a fragrância de frutos vermelhos como a ameixa, a cereja e a framboesa, bem como ervas e especiarias.
Em função do equilíbrio entre aroma, corpo, taninos e acidez sua harmonização vai bem com muitos pratos desde a tradicional macarronada à bolonhesa dos domingos até o frango com molho de laranja ou a carne assada com farofa. E para os apreciadores de uma boa pizza gourmet nossa sugestão é combinar com a pizza de parma e funghi.
Combinações com Pinot Noir
A uva Pinot Noir dá origem a vinhos de corpo leve com taninos baixos a médios, aromas que passam pelos frutos vermelhos, mas que exalam também cogumelos e especiarias. A acidez é de média a alta. Essas características tornam esse vinho muito versátil e fazem dele uma boa alternativa para acompanhar a galinhada mineira e o tutu, pratos típicos mineiros.
Porém, se você prefere pratos mais sofisticados o risoto de pato é uma combinação extremamente harmoniosa com o Pinot Noir, assim como os queijos conhecidos como semimoles: Gouda, Taleggio e Edam.
3. Syrah
A Syrah é uma uva antiga, com relatos de sua existência no oriente (como na Pérsia) e no Peloponeso. Ela produz vinhos encorpados e com notas de especiarias e frutas negras. Ela se adapta bem em regiões quentes, reagindo positivamente ao acesso de sol e calor, por isso faz sucesso no vale do Rio São Francisco e na região do sul de Minas.
Conheça o terroir dos Campos de Cima da Serra
As especificidades do terroir dessa região com altitude de mais de 900 metros, fazem com que os verões sejam amenos e os invernos sejam rigorosos e longos. Características que contribuíram para que surgisse uma produção de vinhos com altíssima qualidade e consagrasse os Campos de Cima da Serra como uma excelente área para a vitivinicultura.
Harmonização com Syrah
Em termos de harmonização os vinhos da uva Syrah acompanham bem queijos maduros e carnes de caça com sabores pronunciados, como o cordeiro ou a buchada de bode, prato típico do nordeste.
4. Moscatel
Assim como a Syrah, não se sabe ao certo a origem da uva Moscatel — as hipóteses mais consistentes apontam para o Egito ou Grécia. Ela é uma fruta doce e aromática, que pode ser encontrada em variações que vão do tinto ao branco. Os melhores vinhos feitos a partir da Moscatel são os italianos e espanhóis.
Aqui em terras brasileiras ela é cultivada no Vale do São Francisco e nas serras gaúchas. E deu origem a um tipo de espumante muito festejado pelos brasileiros em função de sua suavidade, frescor e doçura. Por ser uma fruta bem adaptável, seus aromas e sabores mudam bastante de acordo com o terroir.
Harmonização com Moscatel
Os vinhos produzidos a partir da uva moscatel proporcionam excelentes harmonizações com os doces, desde os caseiros e frutados, como bolos de fubá ou de banana, até os mais rebuscados como tortas de limão, brownies de chocolate meio amargo ou um petit gateau com calda de doce de leite.
Essas são algumas das regiões produtoras de vinho que tem as principais uvas do Brasil! E aí, qual será o próximo vinho que você vai tomar e experimentar as harmonizações sugeridas neste post?
Se você gostou de saber mais sobre suas particularidades, temperaturas, bem como as características de cada uva cultivada nessas áreas, compartilhe este post nas suas redes sociais e ajude seus amigos a ficarem por dentro das novidades da viticultura e curiosidades sobre o universo dos vinhos!
26/10/2021 às 23:58
Bom