O que é um vinho assemblage, quais suas características e como harmonizá-lo?
Se você é um apreciador de vinhos, mas não um especialista no assunto, certamente conhece os tipos mais comuns da bebida (como o Cabernet Sauvignon, Merlot ou Carmenere), e sabe, também, que o que diferencia esses rótulos são as uvas utilizadas em sua produção, certo?
Mas será que já ouviu falar sobre o vinho assemblage? Muito provavelmente, você já até mesmo experimentou esse tipo de vinho sem notar esse nome, afinal, apesar do termo requintado, o conteúdo nas garrafas não é tão complexo assim.
Ficou curioso? Então, sirva a sua taça de vinho e venha conosco conhecer um pouco mais sobre esse universo maravilhoso!
O que é o vinho assemblage?
Trata-se dos vinhos produzidos a partir da união de duas ou mais uvas. Simples, não é mesmo? Falando assim, parece, realmente, um processo bastante simplificado, mas não é bem assim A mistura de diferentes qualidades de uvas tem por objetivo deixar o vinho mais complexo e equilibrado, além de mais rico em sabores e aromas. Ou seja, cada uva é acrescentada a fim de melhorar a bebida como um todo.
Atualmente, o máximo de uvas diferenciadas utilizadas na produção de um vinho são 14 — e dão vida a um dos vinhos mais célebres do mundo, o Châteauneuf-du-Pape, produzido na França, na região que dá nome ao rótulo.
Quais as diferenças entre os vinhos assemblage, de corte e blend?
Ao se deparar com o termo assemblage, talvez você também encontre as denominações de corte e blend, que significam a mesma coisa, mas em línguas diferentes.
Assemblage é o termo utilizado em francês, de corte, em português, e blend em inglês.
Como ele é produzido?
Ao pensar no processo de produção do vinho assemblage, você pode ter imaginado um enólogo em frente a um caldeirão, jogando uvas aleatórias, mas não é bem assim. Brincadeiras à parte, muitos profissionais e apreciadores do vinho consideram o blend uma verdadeira arte milenar e bastante minuciosa.
Afinal, para dar vida ao vinho perfeito, é preciso muito conhecimento sobre as características gustativas e aromáticas de cada uva e o resultado de suas misturas.
Durante a produção do vinho, as uvas podem passar juntas ou separadas pelo processo de fermentação — e a forma como cada uma das etapas de preparo do vinho é realizada também vai influenciar no resultado final. Por isso, experiência, sensibilidade, criatividade e muito conhecimento são habilidades fundamentais ao enólogo que quer criar um assemblage de qualidade.
Os diferentes tipos de uvas e safras
Tratando-se das misturas de uvas e de safras, os vinhos assemblage são produzidos, basicamente, de duas formas:
- da mesma safra: são utilizadas uvas variadas, mas que são cultivadas na mesma safra ou no mesmo ano;
- de safras diferentes: são utilizadas uvas cultivadas em safras distintas, a fim de equilibrar o sabor, o tanino e outras características.
Existe diferença entre o vinho assemblage e o varietal?
Como dissemos, os vinhos assemblage são compostos por dois ou mais tipos diferentes de uvas, sem ter uma quantidade específica definida para cada casta — isso vai depender do trabalho do enólogo.
Já o varietal é produzido a partir de uma única variedade predominante. Para tanto, é preciso que esse tipo de vinho tenha uma porcentagem de 75% a 90% de um único tipo de uva, lembrando que essa porcentagem dependerá das regras de cada país.
Se você nunca ouviu falar nos vinhos varietais, não se assuste: mesmo que eles tenham mais de um tipo de uva em sua produção, os rótulos costumam trazer apenas o nome da uva presente em maior quantidade, assim como as características dela. Um varietal tinto feito com a maior porcentagem de uvas do tipo Malbec, por exemplo, terá apenas o termo Malbec escrito no rótulo, e será frutado e encorpado, tal como as características da fruta.
Como harmonizar o vinho assemblage?
Agora que já explicamos todos os conceitos, não poderíamos finalizar este texto sem apresentar algumas dicas de harmonização para você explorar (e desfrutar) em seus próximos assemblages, certo? E não precisa se preocupar em providenciar pratos muito elaborados, porque os blends, apesar de complexos, costumam ser bem fáceis de consumir.
Os clássicos vinhos Bordeaux, que trazem as uvas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, por exemplo, são tintos equilibrados e macios, e harmonizam muito bem com:
- carnes vermelhas, sem muita gordura. A fraldinha, que tem as fibras mais longas, é uma excelente escolha;
- massas com molho à bolonhesa, acompanhadas de queijo parmesão;
- carnes brancas, como um frango assado com especiarias;
- aperitivos mais fortes, como é caso do gorgonzola, um delicioso queijo de mofo azul;
- queijos de mofo branco.
Os rótulos brancos também são deliciosos exemplares de vinhos de corte. Um exemplo é a bebida preparada a partir da mistura das uvas Grenache Noir e Cinsault, que dá origem a um rosé elegante, brilhante e delicado, que traz frescor e notas mentoladas no paladar. Para harmonizá-lo, boas dicas são:
- pratos leves e preparados com carnes brancas, como um peixe grelhado;
- pratos provençais, caracterizados pelo sabor do azeite e de ervas aromáticas;
- legumes;
- aves;
- terrines de peixe;
- acompanhando aperitivos.
Outros tintos assemblage, na maioria das vezes, harmonizam perfeitamente com massas e queijos, equilibrando aromas e sabores mais complexos. Já os brancos mais encorpados são a companhia perfeita de peixes como o bacalhau, por exemplo.
Como você pôde observar, o vinho assemblage possui uma infinita possibilidade de combinações — o que é perfeito para nós, que amamos conhecer e experimentar novos rótulos, não é mesmo? Portanto, abra-se para esse novo mundo, fique atento aos rótulos e vá tentando perceber as nuances de cada mistura. Aos poucos, você encontrará os seus blends preferidos e percebendo as melhores combinações para cada um deles, de acordo com o seu próprio paladar.
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