Saiba mais sobre os vinhos da uva Syrah e suas harmonizações!
Mesmo que você ainda não tenha experimentado um vinho syrah, certamente já se deparou com os rótulos nas prateleiras e pode ter tido algumas dúvidas. Afinal, além da pronúncia confusa, também existe um nome bastante parecido no mercado, o shiraz. Será que é o mesmo vinho?
Outra questão interessante é em relação ao preço: apesar de existirem opções do syrah por valores variados, geralmente, o custo de grande parte dessas bebidas é mais alto — o que não vai nos impedir de encontrar rótulos interessantes e deliciosos por um preço mais acessível, não é mesmo?
Porém, antes de partirmos em busca dos nossos syrahs, vamos descobrir a origem desse vinho, as características da uva, as dicas de harmonizações e muitas outras curiosidades. Acompanhe!
A origem misteriosa das uvas syrah
Tão antiga quanto deliciosa, a uva syrah tem a sua real origem controversa. Algumas pessoas acreditam que ela tenha vindo do sul da Itália, na região da Sicília. Outras defendem que ela veio de uma cidade do antigo império persa, Shiraz.
Os estudos realizados com o DNA da syrah, por sua vez, apontam que a origem da fruta é francesa, mais precisamente descendente do cruzamento da Mondeuse Blanc (uma uva branca) com a Dureza (uma uva tinta).
Apesar das discussões, uma coisa é fato: as syrah se desenvolveram bem na França, no Vale do Rhône, e, hoje, já estão entre as dez uvas mais plantadas do mundo.
O valor de um bom syrah
Uma das caixas de vinho vendidas pelo preço mais alto da história da humanidade é de um syrah: o Hermitage La Chapelle, safra 1961, da vinícola Hermitage, de Paul Jaboulet. As garrafas foram arrematadas em um leilão pelo valor de US$ 102.850,00 cada, em 2007, em um total de 12 unidades.
Não é para menos: o Hermitage La Chapelle, safra 1961, foi eleito o décimo vinho mais importante de todos os tempos, segundo a lista “The The Twelve Wines of the XX Century”
As características da uva syrah
Afinal, o que torna um vinho syrah tão especial e impossível de passar despercebido? Certamente, o segredo está nas suas uvas que têm fácil adaptação e dão origem a uma bebida de coloração escura, taninos presentes, corpo médio a intenso e acidez moderada.
Apesar dessas características comuns, vale ressaltar que, como a syrah se adapta muito bem a diversos climas e terroirs, cada rótulo, dependendo da sua origem, terá as suas próprias características.
Na França, por exemplo, onde podemos dizer que a syrah se popularizou, o aroma tende para as especiarias, enquanto que, na Austrália, as principais características são a menor acidez e um aroma mais frutado. Quando têm passagem pelas barricas, a bebidas também podem apresentam notas de ervas, tabaco e chocolate.
Apesar de os rótulos produzidos com a syrah serem incríveis, essa é uma casta bastante usada nos blends, para conquistar um corpo mais intenso, mas sem se fazer perder as características das outras uvas presentes na mistura.
Syrah ou shiraz?
A resposta é que os dois nomes estão certos. O fato é que, voltando ao tempo da origem da uva, logo após ela mostrar sucesso na França, foi exportada para a Austrália e teve um desenvolvimento surpreendente. Lá, o nome foi adaptado para a linguagem local: shiraz (com a pronúncia de “xiráz).
Você pode estar se perguntando se, então, a bebida é a mesma, apenas com sotaque diferente. Não. Em poucas palavras, podemos diferenciar da seguinte forma:
- syrah: é a versão francesa, conhecida assim no velho mundo, tem aromas mais rústicos e são vinhos mais tânicos;
- shiraz: é a versão australiana, conhecida assim no novo mundo, são mais frutados, mais aromáticos e menos encorpados.
Uma curiosidade interessante é que muitos especialistas afirmam que a versão australiana “desce mais fácil”, sem amarrar na boca. Os motivos para isso são o clima — que, mais quente, deixa a bebida com menos acidez e o sabor mais frutado — e o tempo de colheita, pois os australianos só colhem a uva quando ela está mesmo madura.
Vale lembrar que outras regiões do mundo que estão ganhando destaque na produção do syrah são o Chile, a Argentina, a África do Sul e os Estados Unidos. No Brasil, bons exemplares de cultivo são o Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
As dicas de harmonização que fazem sucesso
Se você ainda não teve a oportunidade de desgustar um syrah, tente imaginar a partir da explicação dos especialistas: um rótulo proveniente dessa casta tem a complexidade de um Pinot Noir e a potência de um Cabernet Sauvignon.
Conseguiu imaginar? Agora, você deve estar se perguntando como fazer uma harmonização com uma bebida tão cheia de personalidade e potência? A dica é simples: com pratos que tenham as mesmas características e “carga”.
Queijos
Primeiramente, os queijos, que são acompanhantes clássicos dos vinhos. Boas sugestões são os queijos de massa dura ou semidura. O parmesão, o gouda e o grana padana são imbatíveis nesse quesito.
Se você quer mais ousadia, complexidade e potência, harmonize o seu syrah como o abbaye de belloc, um queijo feito com leite de ovelha, de origem francesa.
Carnes
As carnes que harmonizam bem com a potência do syrah são aquelas bovinas ou suínas com mais gordura, a fim de amaciar os taninos no paladar. O pernil de cordeiro e as carnes de caça com aromas fortes também são ótimas pedidas, como o coelho e o javali. Por fim, experimente também com churrasco, costela de porco, hambúrguer e ragu.
Temperos
Um vinho com tanta potência e personalidade também fica espetacular quando acompanhado dos temperos certos. Carnes grelhadas finalizadas ou marinadas com ervas, ou crostas de pimenta são perfeitas para destacar o vinho, especialmente os rótulos do Novo Mundo. O clássico steak au poivre é um delicioso exemplo dessa combinação.
Vegetais
Aos que preferem as opções vegetarianas, experimente a harmonização com tomate, abobrinha ou berinjela.
Massas
Como já falamos sobre o ragu e o tomate, uma boa opção para combinar o seu syrah é com uma massa acompanhada de um molho bem-temperado com ragu ou mesmo um bolonhesa.
Essas são algumas das características, curiosidades e harmonizações da Syrah, uma uva tão interessante quanto potente, com uma história tão misteriosa quanto as sensações que provoca. Vale a pena degustar sempre que tiver a oportunidade.